domingo, 5 de junho de 2011

20:51 de quinta-feira, 26 de maio de 2011

Acabo de terminar a postagem deste blog quando entro no MSN.

A amiga desesperada informa que o cara, (aquele cara que conseguiu transtornar dois lados da minha vida, o social e o sentimental) não volta mais pra Minas Gerais, vai ficar definitivamente em São Paulo.

A primeira reação foi acalmar a amiga que, confia nele para determinada ação que é mais um sonho dela do que qualquer outra coisa. E ele se comprometeu com isso.

Nos argumentos do rapaz sobre não voltar para MG estava o de que a vida dele ficara em SP. Tinha coisas pra resolver e que lá se sentia em casa. Além do que, aqui ele já não estava numa situação confortável com a mulher com quem se relacionava, devido à dependência financeira que tinha dela. Enfim.

Ao mesmo tempo que tentava acalmar a amiga, queria que o mundo acabasse naquele momento pra eu não esquentar a cabeça com a culpa que já pesava mais de uma tonelada naquele momento. Tudo que eu NÃO queria era que ele tomasse uma atitude dessas, de largar tudo aqui e voltar a morar em SP. Porque, na minha cabeça, daí sim eu voltaria ser a culpada pelos males da humanidade, a culpada por desestabilizar uma vida conjugal que ele mantinha com a moça daqui há 6 meses.

E-mail. A amiga mandou a conversa que teve com ele. Desabei. É difícil de explicar, mas eu me senti pior mais por causa da moça que ficou aqui do que qualquer outra coisa. Porque senti que contribuí pra isso sabe?

Ele falou 2 vezes que se a gente não ficasse juntos que ele voltaria pra SP. E eu dizia que ele não era nem louco de fazer isso. E dizia que o que a gente sentia era tesão e que tesão passa. Assim sendo, todo esse desejo louco e instantâneo iria passar.

Lembrei das DMs e das conversas no MSN com ele. Quando decidi por um fim (na sexta-feira subsequente ao nosso primeiro e único contato sexual) pedi que não me enviasse frases do tipo: “tô com saudades”, “te quero”, “te desejo”. Mas ele nunca respeitou isso. Sempre que eu abria o MSN tinha uma mensagem offline dele, músicas, declarações... O diabo a quatro. Nas DMs a mesma coisa. No início ignorava, no final já respondia.

Eu queria e não queria.

A vontade de ficar com ele era inversamente proporcional à disposição de carregar a culpa de um relacionamento destruído. A vontade de ficar com ele acabava quando eu lembrava que tinha alguém do outro lado que esperava por ele todos os dias, que gostava dele de verdade, que não queria só uma transa, como eu queria. Essa pessoa do outro lado queria e dava mais. E eu não estava apaixonada, nem na vibe ou preparada suficientemente para oferecer mais ou tanto quanto ela. E ainda bem. Porque isso torna as coisas mais fáceis.

Essa pessoa era uma mulher. Uma daquelas que a gente pode considerar que sejam mulheres de verdade. Madura, independente, estudiosa, com a carreira bem definida, dona da sua própria vida. Tem força de opinião, é simples na forma de lidar com as pessoas, bastante sociável, não se preocupa com a vida alheia, mas com as questões sociais, tem bom humor. É a visão que tenho dela. Pode até ser que esteja equivocada, mas até agora só vi isso. Nada que mostre o contrário.

Diante disso tudo pensei: por que eu devo mexer nisso se eu não quero mais dele nem tenho nada a mais para oferecer?

A bomba da notícia me fez ficar ainda mais aérea. E lamentei, lamentei muito. Mas o que a amiga escreveu no dia seguinte à notícia me acalmou: “não se sinta culpada. Não tens responsabilidade pelo rumo das coisas ou pela decisão das pessoas”

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Fim de mais um dia.

Acordei cedo. Saí para fazer uns exames de rotina e voltei pra casa. Respondi e-mails e fiquei um tempo olhando pro vazio que esta casa parece ter às vezes.

Antes da consulta marcada para mais tarde, fiquei lendo uns textos e deixei a cabeça ficar do jeito que ela queria e insistia ficar há vários dias: vazia. Fazendo devaneios em situações tão sem cabimento quanto sem solução.

Twitter. Vício diário. Acabo de ver que alguém atualizou seu blog. O título da postagem me chamou a atenção. Antes de clicar já imaginava o que seria. E era.

No texto, alguns links que remetiam à postagens daquele mesmo blog em que ela contava um pouco de si. Os três links falavam de seu último relacionamento. Textos que contavam como tudo começou, o que veio a seguir e a situação atual desse relacionamento.

A sensação que tive ao ler o post principal foi doída. Uma palpitação acelerou meu coração e eu me sentia como uma criança que come um doce escondido, com a sensação de que, a qualquer hora alguém ia chegar e ver.

Mãos fechadas sobre a boca, tenho certeza que minha cara ficou pálida naquele momento. Eu descia a tela e, a cada frase, me sentia pior. Mal podia eu acreditar que aquilo que eu tanto temia estava acontecendo.
Torci tanto para que isso não acontecesse, tanto eu quis que a situação se restabelecesse. Não teve jeito. E a notícia veio para mim como uma bomba. Explodiu na minha mão.

O relacionamento dos dois terminou. E ela está ferida, logicamente. As mulheres sempre esperam o melhor dos relacionamentos. E espera, mais ainda, que eles se perpetuem.

Saí. Fui para a consulta e, na volta, parei num café perto de casa. Pão de queijo e achocolatado. Na playlist Fagner e Nando Reis com duas músicas que ilustram bem o memento. Tarde fria. As lágrimas vieram geladas e eu refleti (pela milésima vez) a respeito de tudo o que aconteceu e do que está acontecendo.

Até agora eu não sei qual a parcela exata de culpa que eu tenho. Mas tenho. E isso me dói. Dói principalmente por eu não saber o que fazer diante de tudo isso. Estou tão confusa diante de mim e de tudo que... Uma notícia dessa só me deixa num estado de confusão maior.

Angústia resume.

A última vez que nos falamos foi há dois dias. Ele se apresentou num estado reflexivo da própria vida. Afinal, a viagem foi pra isso, segundo ele. Me disse um pouco sobre suas decisões, o que me deu medo. Mas ao mesmo tempo, consegui ser racional e dizer o que eu diria para qualquer amigo: escolha o que é melhor para você. E de fato, quero mesmo que ele escolha o que é melhor pra ele.

Minha preocupação nisso tudo quando digo que tive medo, nada mais quer dizer que tenho medo de tudo que possa ter por trás uma culpa/responsabilidade minha. Desde que começamos a nos relacionar eu sabia (e falava) que qualquer decisão radical que ele tomasse ia ser vista ou como influência minha ou por minha causa.

Eu queria viver a loucura, fato. Toda a intensidade daquela paixão foi tão inexplicável e tão boa que, ficou na cabeça e me tirou a concentração por semanas. Mas pra mim, nada valia a pena se por trás tivesse culpa, medo, angústia.

Chega de complicações pra minha vida. Não quero complicações de graça. Não quero viver refugiada e com peso nas costas, com conta para pagar. Tentei fugir 2 vezes. Tentei. Sempre com este mesmo pensamento.

E agora não sei o que vai ser daqui pra frente. Não sei.

As fases do Sol

** CAPÍTULO I **

Final de março de 2011.

Mais uma fase que posso dizer que tentei terminar.

Estava impaciente e ansiosa para fazer logo a prova que, de certo modo, seria determinante para o destino da minha vida profissional. Foram dois meses de preparação para uma etapa concluída com êxito, seguida de mais um mês de estudos exaustivos para esta que tinha acabado de findar e da qual só saberia o resultado cerca de um mês depois.

Me dei duas semanas de férias com a pretensão de voltar a estudar em casa na terceira semana. Pois, na dureza que me encontrava, tinha de arrumar um meio de vida e prestar concursos. Já antecipo que isto nunca esteve muito nos meus planos. Sempre pensei nisso como a última alternativa. E na situação em que me encontrava era mesmo a última alternativa.

Pretendi ficar as duas semanas inteiras no ócio. Só comendo e dormindo e, ocasionalmente, desde que não custasse muito para meus bolsos vazios, algum tipo de diversão. Precisava ter um pouco de vida social antes me afundar nos livros novamente.

Só tinha uma pequena tarefa: me comprometi a ajudar uma amiga virtual com uma ideia dela e tinha que levar adiante.

Enquanto ela não vinha para minha cidade para que eu pudesse ajudá-la mais efetivamente, resolvi me recolher em casa de papai.

Longe de quase tudo, posso dizer que espaireci, deixei minha cabeça fazer voltas em torno da minha vida.

A (possível) realidade que eu temia há cinco anos atrás batia à minha porta.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O ponto (fraco) das (minhas) situações

Quase uma da manhã.

Minha mania de ouvir música enquanto digito já virou necessidade. Sinto um vazio se não faço isso.

E a música me inspira.

Acabei de visitar o blog de uma pessoa conhecida. Tenho certeza que ela não sabe que eu acompanho os escritos dela. Quer dizer, que passei a acompanhar recentemente.

O que ela escreveu no último post me tocou. Lá no fundo da alma. Não de maneira do tipo: “que lindo!” ou “Que tocante!” Nada disso. Me tocou de uma forma mais dura e não desejada por mim. Me tocou porque me senti mal diante dos sentimentos dela. Me senti culpada, diga-se de passagem.

Nunca vivi isso. Não sei se seria ousadia dizer que eu e ela estamos vivendo a mesma crise, aprendendo a lidar com os mesmos sentimentos, mas me senti como ela naquele post e, ao mesmo tempo, culpada por ela se sentir assim.

Confusão? Eu que o diga. Isso não é nem 1/3 do que tenho vivido nas últimas semanas.

Dói saber que tem alguém sofrendo e que parte disso é culpa minha. E dói, ao mesmo tempo, não compreender nada do que tá acontecendo e não saber , digamos, o “ponto” das coisas.

Até que ponto eu tenho a ver com isso?
Até que ponto eu não tenho nada a ver com isso?
Até que ponto é culpa minha?
Até que ponto é culpa do (s) outro (s)?
Até que ponto eu agi mal?
Até que ponto eu saí ferrada nisso tudo?
Até que ponto traí a mim mesma?
Até que ponto tudo isso que estou deixando acontecer vale a pena?
Até que ponto eu fui covarde?
Até que ponto eu fui sacana?

E a dúvida maior de todas: até que ponto vou deixar as coisas chegarem?

Que eu tô mal não é novidade. Mas depois da leitura de hoje num blog alheio já posso cortar os pulsos.

aLinguada: diferença

Lendo isso, é como se ela me lesse. Como se interpretasse o que sinto.
Todas as dores são iguais?
Todo vazio é o mesmo?

aLinguada: diferença: "para sempre e nunca mais medidos pelo tempo são iguais pela saudade jamais"

terça-feira, 24 de maio de 2011

O mundo vai acabar em um coffee break

Onze da manhã.

Enquanto todo mundo discutia o fim do mundo que estava marcado para dia 21 de maio de 2011, eu só conseguia pensar no fim do expediente. Acabar logo com meu serviço e cascar fora.

Pra mim o fim do mundo era na hora que eu estava fazendo aquilo. Servindo cerca de 600 pessoas que andavam pra lá e pra cá em um espaço quase intransitável.

Eu não sei o que era pior: as pessoas fingirem que estava tudo bem ou eu me enganar acreditando que elas acreditavam mesmo que estava tudo bem.

Todos rindo, comendo, bebendo, numa velocidade como se realmente o mundo fosse acabar. Eu creio, que se o mundo acabar, vai ser num dia de coffee break. Ali as pessoas acham mesmo que se não se empanturrarem, não vale a ida ao local, não vale a inscrição no congresso nem o dia de folga na empresa em que todos foram chamados a comparecer em um hotel para uma palestra cercada de gente da “alta” e de intelectuais renomados da área.

Assim como o fim da missa representava o melhor momento dela para meu irmão, sei bem que a hora que o presidente da mesa diz “faremos uma pausa e retornaremos em...” é a melhor hora para os ouvintes.

Ali, meu amigo, o sujeito larga o microfone na mesa que chega a zunir lá na cozinha. As mulheres catam suas bolsas, todos tiram os aparelhos de tradução simultânea, se levantam e, em segundos, formam uma multidão na porta do salão.

E eu, com anos de experiência com essa gente, tenho medo. Até hoje. Medo de ser arrastada numa dessas. Eu tranco minha bandeja junto do peito e rezo para que todas as taças sobrevivam, que os salgados não voem no peito de uma, que o café quente não lasque a outra, que meu carrinho não seja arrastado saguão afora.

Existem coffee breaks tão tensos que nem a toalha da mesa escapa. Fica toda torta na mesa com os restos.

E te contar uma coisa, colega, tem tanta gente que se diz de classe e é nojenta até perder de vista que porra... Gente que tem a cara de pau de cuspir um chiclete dentro da xícara e colocar de volta na mesa, que pega um sanduíche no espeto, come e ainda tem a habilidade de, em 5 segundos, quando você ainda está servindo, devolver o palito pra bandeja cheia de sanduíches que ainda serão servidos.

As pessoas podem ter a classe que for, terem sido educadas nos melhores colégios e frequentando os melhores ambientes, que quando se trata de boca livre (ou quase livre no caso de entrada paga) parecem touros em rodeio: abriu a porteira, cai matando.

Vai um pobre qualquer fazer isso pra ver o que dá...

Cabelo em ovo: O vizinho quem colocou

Quarto escuro. São seis da tarde.

O sol acabou de ir embora e algumas estrelas já apontam da minha janela.

Gosto da luz baixa, de colocar um som e abrir a persiana. Mas o vizinho ao lado cisma que eu faço isso pra olhar pra ele. Como se eu não soubesse que ele é gay. Vai ser um médico o rapaz, muito bem sucedido, creio. Pelas horas de estudo que gasta. Agora você deve mesmo estar achando que eu acompanho a vida do garoto. Improcede. Fato é que toda vez que mexo na cortina seja pra abrir ou pra fechar, é quase impossível que eu não olhe pra frente, já que minha janela ocupa toda a parede lateral e dá de frente pro quarto dele. Daí vejo que ele está concentrado estudando. Mas é só isso., Não fico parada olhando. Ademais, ele não me atrai.

Garotos de um modo geral não me atraem. Esses menininhos estilo Caio Castro Castanheira e Fiuk Malhação me dão uma preguiça dos horrores. Gosto de homens. HOMEM bem feito. De cabelo grisalho, de preferência.

O vizinho se sentiu tão incomodado que mudou até o estilo de cortina. E sempre foi assim: a conta de eu abrir minha persiana pra ele fechar a dele. Já posso ficar puta com isso? Obrigada. Já fiquei. Cara chato...

Agora até eu me sinto incomodada. Não posso chegar a cara na janela pra ver a lua porque ele vai achar que fiz isso pra “bisoiar” a casa dele. Com coisa que quem apareceu de cueca duas vezes na janela fui eu né? Ódio define.

Tô me sentindo incomodada? Tô me sentindo incomodada o caráleo. Dane-se este vizinho que acha que quero comê-lo. Não preciso de vizinho quando tenho outras opções mais viáveis. Ademais, da fruta que eu gosto sei que ele seca até o caroço. Mas eu gostaria que ele soubesse que eu sei. Porque daí parava de achar que meu mundo gira em torno do dele.

Agora todas as luzes da casa dele acabaram de ser apagadas. O garoto vai sair. Posso me dar ao luxo de arreganhar a janela e dizer Oi pro mundo. Não. Não posso. Mas isso é história para os próximos posts.

Espero que este garoto (que não sei se tem sua homossexualidade assumida) um dia saia da casca de ammendoim que lhe envolve e pare de ver cabelo em ovo. E que possa compreender que a vontade de olhar pela janela muitas vezes não passa de mera vontade de olhar pela janela.